domingo, 24 de janeiro de 2010

QUAL O SENTIDO DE ESTARMOS VIVOS?


Cliquem na imagem e viagem com Calvin e Horoldo nessa tirinha que fala justamente de uma das principais questões existênciais... boa reflexão!!! :)

A FILOSOFIA: DO MITO À RAZÃO

“Será que existe alguém ou algum motivo importante que justifique a vida ou pelo menos esse instante?” –Leoni

Quem nunca se perguntou: Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? O que é a vida e qual o seu sentido? O que é Verdade? Existe vida após a morte? Essas questões fazem parte de nossas vidas desde a mais tenra infância até pararmos de nos questionar e de nos admirar com o mundo ao nosso redor. Essa caracterização de incômodo que nos persegue em meio a uma resposta para a existência tem como fundamento o filosofar.

MAS O QUE SERIA FILOSOFIA? QUANDO A FILOSOFIA NASCEU?

Há unanimidade em atribuir aos gregos o privilegio de ser original nessa forma de sistematização do pensamento. Estudiosos e pesquisadores datam um período entre 800 a.C. a 500 a.C. para o surgimento da filosofia, com caráter metodológico e científico, isso mais especificamente nas ilhas do mar Egeu.

Para entender o que é filosofia é bom conhecer o que ela não é. Filosofia não é uma ideologia, ela não nos fornece verdade que possamos nos apegar como dogmas, não é uma simples visão de mundo, nem nos dá valores que guiem nossas vidas. Segundo Marilena Chauí a filosofia surge e pode ser definida como:

“a Filosofia surge quando os seres humanos começam a exigir provas e justificações racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas. (...) Assim, uma primeira resposta à pergunta ‘o que é Filosofia? ’ poderia ser: a decisão de não aceitar como obvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido.”[1]

A palavra Filosofia é grega e composta de duas palavras: Philo = amigo ou amor (fraternal) e Sophia = sabedoria. Por tanto, o filósofo seria aquele que ama o saber ou por assim dizer, se torna amigo da sabedoria e das coisas sábias. Parafraseando o pensamento de Rita Foelker[2], como se faz filosofia? Faz-se filosofia perguntando, propondo idéias, através de argumentação, pensando em contra-argumentos e formulando conceitos. O que faz o filósofo? Em seu empenho e amor pela sabedoria o que os filósofos mais fazem é refletir, ou seja, pensar sobre algo e retomar a si seus pensamentos, como uma espécie de ruminação do saber.

EM QUÊ CONTEXTO NASCEU A FILOSOFIA?

Para conseguir respostas para suas dúvidas, o homem sempre se valeu da razão e da imaginação. Com o uso da imaginação a humanidade sempre quis descobrir a origem da existência, e para isso formulou inúmeros sistemas mitológicos ou pensamentos míticos e religiosos. Mas o que seria o Mito? Em suma seria uma narrativa contada pelo poeta rapsodo ou aedo, que no entender das sociedades antigas, precisamente a sociedade grega, eram porta-vozes dos deuses. O que era narrado por eles era tomado como verdade absoluta ou dogma, já que eram palavras dos próprios deuses por meio da revelação. Geralmente os mitos explicavam as cosmogonias (o surgimento do mundo) e as teogonias (o surgimento dos deuses). Essas histórias eram transmitidas de geração em geração.

Nesse contexto, o homem com seus medos e anseios diante do desconhecido e com suas formulações e explicações míticas passou a refletir sobre o que sempre lhe foi imposto e começou a romper com as explicações mirabolantes dos sacerdotes míticos. A filosofia se constitui, então, como uma passagem do mito ao logos, ou seja, a razão. Torna-se um processo de conhecimento racional que deixa a recorrência dos deuses enquanto condição necessária para uma explicação da vida. Começa-se um novo rumo da história do pensamento, quando o homem não mais aceitará como verdade os mitos e perceberá que muito dessas explicações podem ser entendidas com questionamentos e respostas encontradas na própria natureza. Alguns fatores corroboraram para o surgimento da filosofia, como por exemplo: as viagens marítimas, a invenção do calendário, a invenção da moeda, o surgimento da vida urbana, a escrita alfabética e a invenção da política.

AFINAL, FILOSOFIA PRA QUÊ?

Em nossa sociedade é comum perguntarmos a finalidade das coisas, pois vivemos em um mundo funcionalista e utilitarista onde o imediato é fator primordial. As coisas tendem a funcionar e a causar admiração só se as mesmas trouxerem resultados imediatamente aos anseios exigidos. Muitos não vêm à utilidade da filosofia devido ao longo tempo em que “seus frutos começam a brotar”. Mas, valendo-se das palavras do autor Jarbas Henrique de Andrade:

“Filosofar: pra quê, afinal? Para exercermos nossa humanidade em sua plenitude; para que possamos refletir com propriedade sobre o caminho traçado até o momento, enquanto base de aperfeiçoamento do que somos de como viveremos o amanhã. Para buscarmos novas e melhores formas de relacionamento com os outros seres humanos e com o existente em sua totalidade.”[3]

EXERCÍCIOS PARA O PENSAR...

1. Dê um conceito para Filosofia.

2. Explique a seguinte frase:

“Qual o seu objetivo em Filosofia? Mostrar à mosca a saída do vidro”

GALLO, Súlvio (Coord) Ética e Cidadania: caminhos da Filosofia: elementos para o ensino de filosofia.Campinas: Papirus, 1997. P.22 Frase de Ludwig Wittgenstein.




[1] CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 1995, p. 12

[2] Disponível em www.edicoesgil.com.br/educador/filosofia/oqueefilosofia.htlm

[3] ANDRADE, Jarbas Henrique. Filosofia. São Paulo: Ed. Poliedro, 2008, p. 10